sábado, 22 de agosto de 2009

LEMBRANÇAS DA GUERRA!!!

Imaginemos, portanto. Atrás um cemitério, várias cruzes perdendo-se ao longe, mediante aquelas cruzes, a última voz que diria assim:



Imensa formação de brancas cruzes

Desfile mortuário de fantasmas

Exótico mercado de miasmas

Expansão de ossadas e de urzes

Calado e mudo, queda-se o canhão.

Apenas trevas cobrem esta amplidão

Que outrora foi um campo de batalha

Calada e muda queda-se a metralha

É morta na garganta a voz do adeus

O sabre nos reluz dilacerado

E ensangüentando a terra

A paz voltou.

É terminada a guerra

Os heróis tombaram nas alturas

Os feitos bravos, feitos olvidados

Tudo hoje relegados

Nada mais resta, apenas sepulturas.

Cruzes iguais, terrivelmente iguais.

Exército que cresce mais e mais

O festim diabólico da morte

Aqui jaz um covarde, ali um forte.

Aqui tombou um estranho

Ali estou eu, mas ninguém sabe.

Como que morreu

Nem todas hoje lembram dos soldados

Estão longe, bem longe sepultados.

Minha mãe?! Minha querida mãe

Se tu soubesses

Que teu nome adornei com flores

E essas flores foram minhas preces

Preces colhidas no jardim das dores

Minha querida mãe

Se te contasse

O medo que senti sem teu carinho

Um medo horrível de morrer sozinho

O medo mesmo que o medo me matasse

Mas deixei meu abrigo e avancei

Ouvi julgado pela morte a cada passo

Ouvi o sibilar dos estilhaços e parei

Pensei em ti e...continuei

Minha querida mãe

Se te dissesse

Por onde derrubou-me uma granada

E atirou-me na terra ensangüentada

Foi por ti que chamei desesperado

Por um momento eu deixei de ser soldado

E novamente era uma criança

Senti na morte uma esperança

De ainda adormecer no teu regaço

Minha querida noiva, por que choras?

Lembras-te por certo as boas horas

Que passamos juntos

Só nós dois.

Íamos casar, lembras-te?

E depois? Depois uma casa retirada

Cortina na janela enfeitada

Tu me esperando e eu vindo do quartel

A nossa casa pequenino céu aberto

Vinda de um herdeiro

Meu sonho?

Meu sonho derradeiro

Foi eu te beijar antes de morrer

Um golpe rude de granada

E eu beijei apenas terra ensangüentada

Minha mãe, minha noiva,

Aqui encerra uma história de sangue

Essa é a guerra...

Não chorem

Tudo é terminado rápido

Como coisa de soldado

Mas mamãe, Se novamente a torpe da humanidade

Na busca insana da verdade

Vibrem faces, tambores sobre a terra

Anunciando sangue de outra guerra

Se outro filho a pátria te pedir, Sem lágrimas, mamãe, deixa-o ir

Embora te destrua o coração

Embora te quebre em agonia

Por favor, mamãe,

Pede a esse irmão

Que seja também de INFANTARIA!!!

seja o primeiro a comentar!